Há 3 anos decidi morar sozinha e, entre tantas responsabilidades que assumi, ser uma shopper foi uma das mais significantes. Principalmente do ponto de vista das despesas. E põe despesa nisso.
Desde então tenho observado amigos, da Geração Y (indivíduos entre 21 e 34 anos hoje, também conhecidos como Millennials), deixando pra trás suas casas e o conforto de observar os armários e geladeiras sendo abastecidos como em um passe de mágica. Movimento este que fez com que nossos pais, geração Baby Boomers, reduzissem significantemente suas compras quinzenais ou mensais.
Pra minha mãe e pra grande parte da sociedade isso é crescer e adquirir independência. Mas, para quem estuda o consumo e os avanços das gerações dentro do varejo, isso significa mudar o status de consumidor para shopper.
A famosa independência se transformou em comprar as marcas e produtos que quer consumir. Agora você terá que adicionar à sua rotina semanal idas até o mercado, caso contrário, vai voltar pra casa depois de um dia exaustivo de reuniões, academia, trânsito, e dar de cara com a geladeira vazia. E se, neste momento, o vazio da geladeira não produziu um vazio no seu coração (e possivelmente no estômago), você definitivamente não é um Millennial e não receberá o bastão de shopper.
Mas pra você que está planejando este momento, preciso te dizer que terá que avaliar se a marca de papel higiênico que seus pais sempre compraram (aquela bem macia) cabe no orçamento do apartamento de 1 dormitório que você alugou ou acabou de comprar. E que agora escolherá o PDV do seu shampoo não mais porque ele é próximo do trabalho e sim porque ele agrega o maior mix de produtos para a sua compra semanal. Afinal, tem que sobrar um tempinho pra diversão.
É, isso é crescer! E, pra agregar alguns dados a tudo isso que escrevi acima, o relatório de tendências do varejo LATAM da Nielsen diz que até 2018 os Millennials (geração Y) representarão metade do consumo global, e espera-se que até 2025 representem 75% dos consumidores ao redor do mundo*.
Mesmo assim, o que vejo nessas minhas visitas semanais ao supermercado está bem longe de atender o lifestyle dessa geração. A impressão que passa é de que grande parte dos varejistas, da indústria e até das agências, ainda não sabem que meus amigos foram morar sozinhos e que eu não sou a minha mãe: aquela shopper que tem tempo, uma casa com ao menos 4 pessoas e espera sempre por um varejo com serviço agregado. Sou alguém com necessidades e hábitos bem diferentes. Portanto, ao invés de ficarmos discutindo como devemos falar, precisamos entender antes com quem estamos falando. E como legítima representante desta complexa, mas incrível geração, sugiro nos escutar primeiro para depois saber o que, e aí sim, como falar. #ficaadica
A modalidade aqui é revezamento e não 100 metros com barreiras. E, felizmente, ainda dá tempo de acompanhar essa corrida. Segue o convite para compreenderem melhor o pouco tempo que o shopper Millennial tem, trazendo para o varejo alimentar o mindset omni-channel, conveniência e produtos que atendam este lifestyle (saudabilidade, pouco tempo e menor gramatura).
Janaina Reimberg
Head de Shopper Marketing na Integer\OutPromo, Millennial e shopper.